Câncer

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O Câncer (também chamado de Cancro) é, sem sombra de dúvidas, uma das doenças que mais amedronta a população nos dias de hoje. E além de assustar, é também uma das doenças que mais mata e diminui a qualidade de vida das pessoas. O grande problema do câncer é o diagnóstico tardio, fase em que o câncer já se encontra avançado. Principalmente na população brasileira, temos o costume de ir ao médico apenas quando temos sintomas, ao invés de fazer uma Medicina Preventiva. Nesse artigo, vou falar da forma mais simplificada possível, as principais características e informações sobre as doenças chamadas de Câncer.

Câncer
A palavra Câncer vem do latim cancer, que significa “caranguejo”. É uma analogia à ideia de que o câncer se espalha pelo corpo (forma metástases), semelhante às patas que saem do corpo de um caranguejo.

O que é o Câncer?

O câncer o nome dado a doenças conhecidas como tumores malignos. Na categoria do câncer, encontramos mais de 100 doenças, cujas características em comum são o crescimento e multiplicação anormal de células sem respeitar os limites normais do corpo. Além disso, no câncer as células adquirem a capacidade de se espalhar para outras áreas do corpo (metástases).

O câncer não é o mesmo que tumor: um tumor (também chamado de neoplasia ou neoplasma) é um crescimento anormal de células em um tecido. Os tumores (ou neoplasias) podem ser benignos ou malignos, sendo que os tumores malignos são chamados de câncer.

E qual a diferença entre tumor benigno e maligno? Todos os tumores têm como característica o aumento anormal de um tecido, tanto o câncer como os tumores benignos. A diferença é que os tumores benignos ficam restritos à uma região do corpo, não se espalham para áreas próximas e não causam metástases, ou seja, não invadem outras áreas do corpo, diferente do câncer, que pode gerar metástases e invadir outras áreas à distância de sua origem.

Diferença Tumor Maligno e Benigno
Note a diferença entre um tumor benigno, que fica restrito a uma região e o tumor maligno, que invade tecidos vizinhos e gera metástases pelo sangue e vasos linfáticos

Causas do Câncer

Causas do Câncer
Desenho esquemático mostrando mutação do DNA causado por excesso de radiação Ultravioleta

Todos os tecidos do nosso corpo são compostos por células. Praticamente todas as células do nosso corpo contêm um núcleo, onde está arquivado nosso DNA, composto por vários genes. Esses genes determinam todas as funções e estruturas da célula, assim como o tempo em que ela vai viver e quando ela se multiplica.

O câncer começa quando células do nosso corpo se multiplicam desordenadamente e/ou sobrevivem por mais tempo do que o necessário. Isso é causado por mutações em genes, que acontecem ao longo de nossa vida. Todas as células do nosso corpo acumulam tais mutações, mas algumas delas em genes específicos levam a um descontrole na multiplicação e no tempo de vida celular. Esses genes específicos são de duas classes: os supressores de tumor (que quando mutados não funcionam corretamente, levando a uma maior multiplicação celular), ou os protooncogenes (que quando mutados aumentam sua atividade, tornando-se oncogenes).

Podemos dividir as causas que levam a essas mutações em duas: causas genéticas (muitos tumores, tais como alguns tipos de câncer de intestino, têm importante papel genético hereditário envolvido), além de causas externas, geralmente por condições e hábitos de vida que predispõem ao câncer.

São poucos os tipos de câncer que sofrem influência hereditária, diferente do que muitas pessoas pensam. Tais tipos de câncer envolvem principalmente o retinoblastoma, além de alguns cânceres de mama, intestino e estômago.

As causas do câncer externas são as mais importantes, e incluem vários fatores de risco presentes em nosso ambiente, desde nossa ocupação (vários produtos químicos causam câncer), alimentos, medicamentos, cultura e sociedade. Abaixo, cito os mais importantes e prevalentes na nossa sociedade:

  • Tabagismo: mais abaixo, você pode perceber que tipo de câncer mais comum é o que afeta os pulmões, principalmente pelo tabagismo, ainda muito frequente em nossa população. O tabagismo ainda pode causar vários outros tipos de câncer, como o de boca, da laringe e da bexiga.
  • Alcoolismo: que causa principalmente câncer de estômago e de pâncreas, além de levar à cirrose, que predispõe ao aparecimento de câncer hepático (do fígado).
  • Hábitos alimentares: alguns estilos de alimentação podem predispor ao câncer, especialmente o excesso de gordura.
  • Radiação solar e outras radiações.
  • Medicamentos
  • Fatores ocupacionais
  • Infecções, especialmente por vírus
  • Hormônios: excesso de estrógeno, especialmente em terapia de reposição hormonal, pode predispor ao câncer de mama.

A idade também é um fator importante na causa do câncer. Isso porque as células de idosos estão por mais tempo expostas à fatores de risco que levam à mutações no DNA, levando a alterações que podem gerar tumores malignos, como comentamos logo acima. Por isso, o câncer é muito mais comum em idosos e mais raro em crianças e adolescentes.

Tipos de Câncer

Tipos de Câncer
Carcinoma Basocelular, o tipo de câncer de pele mais comum, porém pouco agressivo

Os tipos de câncer existentes dependem do tipo de célula que lhe deu origem, ou seja, qual tipo de célula começou a se multiplicar descontroladamente ou sobreviver por mais tempo do que o necessário. De acordo com essa classificação, os tipos de câncer são divididos em:

  • Carcinoma: é originado de células epiteliais, que formam a nossa pele e a superfície da maioria de nossos órgãos. São os tipos de câncer mais comuns, e incluem o adenocarcinoma, tumor formando a partir de células glandulares do epitélio. Inclui cânceres dos mais comuns, como a maioria dos cânceres de mama, de próstata, de pulmão, de pâncreas e de cólon.
  • Sarcoma: são cânceres originados do tecido conectivo (ossos, cartilagem, tecido adiposo e nervoso). O termo também é designado para o chamado Sarcoma de Kaposi, proveniente do endotélio linfático.
  • Linfomas Leucemias: são tipos de câncer com origem em células hematopoiéticas (que dão origem às células sanguíneas). Linfomas geralmente formam massas tumorais em linfonodos, ao contrário das leucemias, que não formam nenhuma massa tumoral, pois as células cancerosas estão espalhadas pelo sangue. A leucemia é o câncer mais comum na infância.
  • Tumores de células germinativas: são cânceres com origem em células pluripotentes, tais como as encontradas nos testículos e no ovário. Exemplos incluem o seminoma (masculino) e o tumor de ovário (disgerminoma).
  • Blastoma: são cânceres provindos de células do tecido embrionário (fetal) ou de células precursoras (blastos). São muito mais comuns na infância do que na vida adulta, e os principais exemplos influem o nefroblastoma, o retinoblastoma e o condroblastoma.

Tipos de câncer mais comuns

Classificando agora os cânceres de acordo com o órgão que atingem, temos como locais mais comumente afetados pela doença:

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Esses dados dizem respeito às estimativas da incidência do câncer em 2012, de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer).

O câncer de pulmão é o segundo mais comum tanto no sexo masculino como no feminino, sendo grande a influência do tabagismo nesses dados. Além disso, ele é o tipo de câncer que mais mata atualmente.

Sinais e Sintomas do Câncer

O câncer é uma doença que causa sinais e sintomas tanto locais como sistêmicos (que afetam o corpo todo). O paciente não sente os sintomas do câncer no início da doença, apenas quando ela progride com o crescimento ou ulceração do tumor. Por isso, exames preventivos são muito importantes para fazer uma detecção precoce do câncer e evitar dificuldades no tratamento.

Sintomas do Câncer
Câncer gástrico formando úlcera, que pode sangrar e causar vômitos com sangue, um sintoma localizado

Manifestações locais: dependem do local onde a massa tumoral está crescendo. O câncer não costuma causar dor, exceto quando num estágio muito mais avançado. Geralmente os sinais e sintomas locais estão relacionados ao crescimento do tumor ou ulceração. Um tumor crescendo pode causar obstrução de vários canais: no câncer de pulmão essa obstrução pode causar tosse e pneumonia; no câncer de esôfago, pode dificultar a passagem do alimento; no câncer colorretal, pode causar alteração dos hábitos intestinais, principalmente constipação. Além disso, a ulceração de um tumor pode causar sangramentos importantes: quando o câncer é intestinal, pode causar sangramentos nas fezes ou anemia; nos pulmões, pode causar hemoptise (tosse com sangue); no câncer de bexiga, pode haver sangue na urina.

Manifestações sistêmicas: incluem principalmente a perda de peso (que não melhora mesmo com uma dieta forçada e rica em calorias), febre, mal-estar geral e cansaço, alterações de pele. Existe ainda a chamada síndrome paraneoplásica, que são conjuntos de sinais e sintomas sistêmicos, porém mais específicos de alguns tipos de câncer.

Manifestações de metástases: num estágio mais avançado do câncer, em que houveram metástases (disseminações pelo corpo), alguns sintomas adicionais podem estar presentes. Isso inclui o aumento dos linfonodos (gânglios linfáticos), que geralmente ficam duros, fixos e indolores. Pode haver ainda hepatomegalia (aumento do fígado) e/ou esplenomegalia (aumento do baço). Metástases para ossos podem causar dores e fraturas no local, e metástases neurológicas costumam causar alterações do sistema nervoso central.

Diagnóstico do Câncer

O início do diagnóstico do câncer tem base nos sintomas que o paciente relata e nos sinais que o médico encontra, além do auxílio de exames de imagem ou alguns exames laboratoriais.

Porém, o diagnóstico oficial do câncer só é feito com base em uma biópsia de tecido avaliada por um patologista. Este é um método invasivo, em que retiramos uma amostra de tecido no local do tumor. O patologista avaliará essa amostra por microscopia, procurando identificar a histologia do tumor, seu grau e potencial de invasividade. Além disso, estudos recentes nos permitem fazer uma avaliação molecular de amostras de tecido, identificando alguns componentes celulares (chamados marcadores celulares) que podem identificar tipos específicos de câncer. Alguns genes também podem ser pesquisados, em busca de mutações diretas do DNA, mas esse é um processo mais avançado e normalmente feito para fins de pesquisa.

Medicina Preventiva

Diagnóstico Câncer
Papanicolau, importante exame preventivo para diagnóstico precoce de câncer do colo do útero

O diagnóstico do câncer através de uma rotina de Medicina Preventiva é muito importante para fazer a detecção precoce do câncer, o que facilita muito o seu tratamento. Essa é uma das “teclas” que mais batemos hoje em dia, pois a diferença entre a detecção do câncer em estágios inicias e avançados é enorme.

A detecção do câncer como Medicina Preventiva envolve a busca pela doença antes mesmo que apareçam sinais e sintomas no paciente. Essa rotina não pode ser usada em todos os tipos de câncer, e nem é aplicável a toda a população.

Geralmente, é feito o screening em busca do câncer em pacientes em situações de alto risco para desenvolver câncer e em pacientes com histórico de câncer em familiares próximos.

Exemplos incluem o Papanicolau, importante como rotina em mulheres para detectar precocemente o câncer do colo do útero, além de exames rotineiros como a Colonoscopia em pacientes com familiares próximos com câncer colorretal.

Tratamento

O tratamento do câncer pode ser feito de várias formas, dependendo das condições do paciente e do tipo de câncer e fase de evolução em que este se encontra. Os tratamentos do câncer são divididos em tratamentos curativos (cirurgia, quimioterapia, radioterapia e bioterapia) e em tratamentos paliativos (para melhorar as condições de vida do paciente, em conjunto ou não com tratamentos curativos).

Tratamento paliativo

Seu principal objetivo é a melhora das condições de vida do paciente portador de câncer. O tratamento paliativo não diz respeito apenas à melhora das condições físicas, mas também das condições psico-sociais, emocionais e espirituais do paciente. Por isso, é um tratamento com múltiplas frentes e envolvendo vários profissionais da saúde. Ele pode ser feito juntamente com tratamentos curativos ou, em certos casos, sem a tentativa de cura do câncer. Isso inclui, por exemplo, pacientes com poucas chances de sucesso em tratamentos curativos.

Em relação aos tratamentos curativos, podemos fazer a remoção cirúrgica dos tumores ou, no caso das outras formas de tratamento, usar como alvo características existentes nas células tumorais que não existem (ou existem em menor quantidade) nas células normais. Radioterapia e cirurgia são considerados tratamentos locais, enquanto quimioterapia e bioterapia (imunoterapia e terapia genética) são tratamentos sistêmicos.

Tratamento cirúrgico

Atualmente, a cirurgia é considerada a forma mais efetiva de tratamento do câncer. O problema é que alguns tipos de câncer ou metástases impedem a remoção cirúrgica, por estarem em regiões não acessíveis ou que tragam muito risco de vida ao paciente. No caso de metástases, mesmo não podendo eliminar o câncer totalmente, a cirurgia pode ser usada para diminuir o crescimento local do tumor e preservar as funções dos órgãos envolvidos, o que aumenta as chances de sucesso com outros tratamentos e a qualidade de vida geral do paciente. No tratamento cirúrgico do câncer, também é de costume em muitos casos retirar linfonodos próximos, para evitar o risco de metástases.

Radioterapia

Radioterapia
Desenho esquemático exemplificando uma sessão de radioterapia para câncer localizado em cabeça e/ou pescoço

O tratamento radioterápico é, como a cirurgia, uma forma física de tratar o câncer. A radioterapia danifica todos os tecidos em seu caminho, causando dano no DNA celular e produzindo radicais livres a partir da água celular, que acabam causando lesão em vários componentes das células. Ela costuma afetar com mais potência as células tumorais porque estas normalmente têm dificuldade em fazer o reparo do DNA danificado, característica que as células normais sustentam.

Na radioterapia são usados feixes de radiação ionizante, em doses calculadas de intensidade e em um determinado tempo, sobre o tecido tumoral afetado. Busca-se evitar ao máximo a destruição de tecido normal. Cada tumor tem uma resposta diferente à radioterapia: alguns são mais sensíveis, outros menos. Além disso, áreas com menor oxigenação (principalmente no centro de tumores grandes) sobrevivem mais ao tratamento radioterápico, dificultando a erradicação do tumor.

Por mais que a radioterapia seja na maioria das vezes administrada localmente, ela pode trazer efeitos sistêmicos por conta de sua toxicidade, incluindo fadiga, anorexia, náuseas e vômitos.

Quimioterapia

Quimioterapia
Exemplo de sessão de quimioterapia

Na quimioterapia, são administrados medicamentos por via sistêmica (intravenosa), que trazem um benefício no tratamento do câncer. Isso acontece por conta do uso de fármacos que se ligam com maior afinidade à moléculas dos tumores, afetando mais as células tumorais do que as células normais. Também podem ser usadas substâncias produzidas pelo nosso próprio corpo (endógenas), tais como hormônios, no tratamento do câncer. A maioria dos tumores de mama, por exemplo, diminuem com o uso de doses dos hormônios estrógeno e progesterona.

Alguns tipos de câncer podem ser curados apenas com a quimioterapia, tais como alguns linfomas e leucemias, seminoma, câncer de ovário, neuroblastoma, teratocarcinoma e outros. Além disso, a quimioterapia também pode curar cânceres em associação com cirurgia e/ou radioterapia.

Concluindo…

Esse foi apenas um artigo introdutório sobre o câncer. Existem milhares de pesquisas em andamento e milhões de publicações sobre esse assunto, rico em informações. Ao longo do tempo de vida do MedSimples, vamos aprimorar nosso de artigos sobre o câncer. Siga-nos nas Redes Sociais, se cadastre em nosso site e fique atento!

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Comentários em Câncer

  • Anna Maria disse:

    Obrigada por compartilhar seus conhecimentos! Sua matéria foi essencial para a construção do meu trabalho sobre câncer na feira de ciências do colégio!

  • Rosangela Lamas de Figueiredo. disse:

    Alan… “Deus ilumine os seus caminhos!”
    Em Setembro de 2012 eu tive câncer_ Um Carcinoma Renal… e retirei o rim direito. Não precisei de quimioterapia, nem radioterapia, porque o câncer estava localizado dentro do meu rim. Ele pesava 895 gramas, e media 13 x 11.
    Fiquei no HU de Juiz de Fora_ a excelência do profissionalismo da Equipe Médica, junto a seus colaboradores , contribuíram significativamente para o meu restabelecimento… Alan, no pós operatório, tive pneumonia, a qual foi devidamente curada.
    Quando saí da UTI, senti uma emoção tão forte que cheguei a perder a visão por 24 horas. A minha pressão, que, normalmente é 10 por 6, foi a 22.
    Depois voltei para casa… e estranhei o fato de continuar sangrando nas fezes. Novos exames_ colonoscopia e descobri pólipos grandes no intestino. Retirei-os, também. Mais tarde, pré-diabetes_ agora, sob controle.
    Em momento algum, me desesperei… O tempo todo estive nas mãos de Deus… Eu, que sempre fui Gente Boa, tirei o meu Rim Ruim e fiquei Ótima!
    Sou Agente Comunitário de Saúde… Voltei a trabalhar, em serviço interno, em meu PSF.
    Decidi deixar este comentário para incentivar as pessoas a não desistirem jamais, diante desta doença! Dias Melhores virão… Sempre!
    Adorei o seu site, ele me ajudou muito.
    Tudo de bom…
    Abraços,
    Rosangela.

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