Semiologia do Aparelho Urinário
Escrito por Gustavo Martin
21 de janeiro de 2013
Alterações do Volume e Ritmo Urinário
Em condições normais, uma pessoa adulta elimina de 800 a 2.500mL de urina por dia. A capacidade da bexiga normal é de 400 a 600mL e o indivíduo tende a esvaziá-la quando a quantidade de urina atinge 200mL.
- Olugúria – excreção de um volume de urina inferior às necessidades de excreção de solutos; clinicamente, seria uma diurese inferior a 400mL/dia ou menos de 20mL/hora. Decorre de redução do fluxo sanguíneo renal ou então por lesões renais.
- Anúria – quando a diurese é inferior a 100mL/dia, ocorrendo devido a obstrução bilateral das artérias renais ou dos ureteres ou pela necrose cortical bilateral.
- Poliúria – excreção de volume urinário superior a 2.500mL/dia. Verifica-se um maior número de micções, inclusive a noite. Ocorre por dois mecanismos básicos: (1) por diurese osmótica, decorrente da excreção de um volume aumentado de soluto (diabetes mellitus); ou (2) por incapacidade de concentração urinária (diabetes insipidus). Além disso, pode ocorrer na insuficiência real crônica, quando o comprometimento renal ainda é moderado.
- Disúria – micção associada à sensação de dor, queimor ou desconforto (cistite, prostatite, uretrite, alergia, etc)
- Urgência e Polaciúria –urgência corresponde à necessidade súbita e imperiosa de urinar; polaciúria ocorre quando a necessidade de urinar acontece com intervalos inferiores a 2hrs, aumentando a frequência de micção. Ambos podem ser provocados por redução na capacidade da bexiga ou por comprometimento da uretra.
- Hesitação – intervalo maior para que apareça o jato urinário, pode ser causado por obstrução do trato de saída da bexiga.
- Nicúria/Noctúria – ritmo da diurese se altera, ocasionando a necessidade de esvaziar a bexiga durante a noite. Reflete a perda da capacidade de concentrar a urina.
- Retenção Urinária – incapacidade de esvaziar a bexiga. Pode ser aguda (paciente passa a sentir a bexiga distendida, tensa e dolorosa) ou crônica (dilatação gradual). Pode formar um globo vesical quando a bexiga for palpável na região supra-púbica. Além disso, pode ser completa (indivíduo é incapaz de eliminar sequer quantidades mínimas de urina) ou incompleta (permanência na bexiga de uma certa quantidade de urina aos terminado o ato miccional. Principal causa é obstrução ao nível da uretra ou do colo vesical.
- Incontinência Urinária – eliminação involuntária de urina, podendo ser causada por bexiga neurogênica, cistite ou esforços. Nos idosos, a hipertrofia prostática grave pode provoca-la (incontinência paradoxal), em que a próstata impede a saída de urina até que seja ultrapassado certo limiar.
Alterações na Cor da Urina
A urina normal é transparente e tem uma tonalidade que varia do amarelo claro ao amarelo escuro.
- Hematúria – presença de sangue na urina, podendo ser macro ou microscópica. O aspecto da urina depende da quantidade de sangue e do pH. Pode ser maciça, com o aparecimento de coágulos. Pequenas quantidades de sangue, em pH ácido, tinge-o de marrom escuro. Pode ser classificada em: hematúria total, quando a urina é uniformemente tingida de sangue e a origem do sangramento é renal ou uretal; hematúria inicial, quando o sangramento é proveniente de uma área entre a uretra distal e o colo vesical; e hematúria terminal, quando o sangramento ocorre no trígono vesical. OBS: alguns corantes e pigmentos tingem a urina de vermelho ou de marrom-avermelhado.
- Hemoglobinúria – presença de hemoglobina livre na urina; acompanha as crises de hemólise intravascular
- Mioglobinúria – destruição muscular maciça por traumatismo e queimaduras.
- Portirinúria – eliminação de porfirinas ou de seus precursores, que produzem coloração vermelho-vinhosa.
- Urina Turva – precipitação de diversos tipos de cristais (cristalúriaà ácido úrico e oxalato de cálcio); pode predispor a urolitíase e está associada a infecção urinária. A PIÚRIA ocorre quando há presença de quantidade anormal de leucócitos na urina, deixando-a turva; as infecções urinárias são as causas mais comuns.
Urina com Aumento da Espuma
Eliminação aumentada de proteínas na urina, porém, pode ser comumente causada por uma urina muito concentrada associada a um fluxo rápido do jato urinário.
Mau-Cheiro
O odor característico da urina decorre da liberação de amônia. Porém, fetidez surge nos processos infecciosos, pela presença de pus ou por degradação de substâncias orgânicas.
Dor ao Urinar
Pode assumir características diversas, dependendo do local afetado.
- Dore Lombar e no Flanco – devido à distensão da cápsula renal, uma vez que possui inervação comum com essa parte do tronco. Sensação profunda, pesada, de intensidade variável, fixa e persistente, que piora com a posição ereta e se agrava no fim do dia. Não se associa a náuseas e/ou vômitos. A obstrução urinária aguda por cálculo na pelve também provoca essa dor.
- Cólica Renal ou Nefrética – decorrente de obstrução do trato urinário alto, com dilatação súbita da pelve renal ou do ureter, que se acompanha de contrações da musculatura lisa destas estruturas. Sensação de desconforto evolui para dor lancinante, de grande intensidade, acompanhada de mal-estar geral, inquietude, sudorese, náuseas e vômito. A dor é tipicamente cólica, seguida de espasmos dolorosos, entre os quais há alívio.
- Dor Hipogástrica ou Vesical – originada no corpo da bexiga. Dor intensa na região suprapúbica e intenso desejo de urinar.
- Estrangúria ou Tenesmo Vesical – inflamação vesical intensa que pode provocar a emissão lenta e dolorosa de urina
Febre e Calafrio
Na infecção aguda, a febre costuma ser elevada e acompanhada de calafrios; na infecção crônica, a temperatura está discretamente aumentada.
Arlete Souza disse:
Adorei seu comentarios, mto objetivo.
Qual a referencia?
Alexandre Zanlorenzi disse:
Olá Arlete! Foi utilizado o livro Semiologia Médica, 7a edição, do autor Celmo Celeno Porto.