Nesse artigo vamos falar da Tromboangeíte Obliterante, também conhecida como Doença de Buerger. Essa é uma doença dos vasos periféricos, ou seja, que acomete artérias e veias de pequeno e médio calibre das extremidades (mãos e pés).
A Tromboangeíte Obliterante, como o próprio nome já nos diz, é uma doença que oclui esses vasos, causando uma série de sintomas e precisando de tratamento. Não tem relação com a Aterosclerose.
As causas específicas da Tromboangeíte Obliterante ainda são desconhecidas, mas ela tem fortíssima relação com o Tabagismo. Tanto que, quando comentamos sobre essa doença, o Tabagismo é a coisa mais importante a se falar em seguida.
A doença costuma afetar principalmente (mas não apenas) homens e pessoas com menos de 40 anos tabagistas. Cerca de 20 a 30{2bcd453d7311fcd5d3fd79b4f06f2b23457405190b55b88de47449b7ddf1e563} dos afetados são mulheres. Também é mais comum encontrar a doença em asiáticos e descendentes do Leste Europeu.
O fator que desencadeia a obstrução dos pequenos e médios vasos das extremidades é uma inflamação. Tudo começa com a infiltração de leucócitos polimorfonucleares (um tipo das nossas células de defesa) nas paredes de pequenos e médios vasos. Com a progressão da doença, esses leucócitos atraem várias outras células, como outros tipos de leucócitos e fibroblastos. Nos estágios mais avançados da Tromboangeíte Obliterante, encontramos sinais de fibrose nos vasos (cicatrização) e ocorre a formação de trombos, que acabam ocluindo essas artérias e veias.
O principal quadro clínico da Tromboangeíte Obliterante inclui três fatores:
A Claudicação é um sintoma que pode acontecer em várias outras doenças, não apenas na Doença de Buerger. A Claudicação é a sensação de dor, desconforto e/ou fraqueza que ocorre durante o esforço muscular e que melhora com o repouso. A dor pode ser leve até insuportável. No caso da Tromboangeíte obliterante, essa claudicação acontece principalmente nas extremidades (mãos e braços, pernas e pés), porque como comentamos, é uma doença de pequenos e médios vasos das extremidades.
Em 70 a 80{2bcd453d7311fcd5d3fd79b4f06f2b23457405190b55b88de47449b7ddf1e563} dos casos, os pacientes já chegam ao atendimento médico com essa dor mesmo ao repouso, além da presença de úlceras nas extremidades. Quase sempre estão envolvidos dois ou mais membros.
Leia também nosso artigo completo sobre o Fenômeno de Raynaud
Já o Fenômeno de Raynaud (que também aparece em outras doenças) é um sintoma de alteração de cor das extremidades dos dedos das mãos e dos pés, principalmente em situações estressantes ou no frio. Esse fenômeno aparece na Tromboangeíte por conta da obstrução dos vasos que irrigam os dedos, faltando oxigênio para as células dessas regiões. O paciente percebe primeiramente uma palidez (dedos esbranquiçados), que passam a se tornar azulados e, por fim, muito vermelhos (hiperemiados).
Podemos notar ainda diminuição dos pelos nas mãos e pés, afinamento da pele e maior sensibilidade ao frio.
Caso a Tromboangeíte permaneça muito tempo sem tratamento, esse fenômeno pode evoluir e, por conta de os dedos ficarem por muito tempo expostos a essa falta de irrigação sanguínea, acontecem alterações das unhas, formação de isquemia, úlceras e até mesmo gangrena da ponta dos dedos. Nesses casos de complicações graves, é comum ser necessário a amputação dos membros envolvidos. Por isso é sempre importante procurar um médico logo no início dos sintomas!
A Tromboflebite Migratória é o nome que damos ao processo de obstrução das veias na Doença de Buerger. Ela é migratória porque, nessa doença, ocorrem a formação de trombos e recanalização (ou seja, o trombo é reabsorvido e volta a haver passagem de sangue pelo vaso). Esse ciclo (formação do trombo seguida de recanalização) ocorre várias vezes ao longo da doença e em diferentes veias.
Assim, o paciente tem os sintomas da tromboflebite em locais diferentes das extremidades. Esses sintomas incluem uma tumefação (inchaço) e vermelhidão da veia acometida, além de muita dor. Quando a tromboflebite acomete vasos mais profundos, pode haver edema (inchaço com acúmulo de líquido) em grande parte do membro afetado e dor.
Não há um exame complementar específico para diagnosticar a Trombangeíte Obliterante, mas é importante afastar outras possíveis doenças, como a vasculite, doenças do tecido conectivo, estados de hipercoagulabilidade e fontes de êmbolos que possam estar ocluindo as extremidades.
O médico pode usar a Arteriografia, mas apenas para auxiliar na exclusão de outros diagnósticos e sustentar a hipótese de Doença de Buerger. Nesse exame, a obstrução costuma estar abaixo dos vasos poplíteos (os que passam na altura do joelho) e depois da artéria braquial (ou seja, um pouco depois do cotovelo), no caso dos membros superiores.
Na Arteriografia podemos encontrar ainda a formação de vasos colaterais (novos vasos que tentarão suprir a falta de oxigênio pela obstrução na região), no formato em que chamamos de “saca-rolhas”. Porém, esse achado é parecido com o de outras doenças, como a Síndrome CREST ou o Escleroderma. Na Arteriografia podemos confundir ainda o diagnóstico com Lúpus Eritematoso Sistêmico, Vasculite Reumatóide e outras doenças.
O uso de cocaína e Cannabis (maconha) também pode causar sintomas e arteriografia semelhantes, podendo ser necessário um teste toxicológico em casos de diagnóstico inconclusivo.
Não existe um tratamento específico para a Tromboangeíte Obliterante, exceto o fim completo do Tabagismo. O prognóstico (evolução) da doença é muito pior em pacientes que continuam a fumar depois do diagnóstico. Porém, é também difícil a remissão da doença mesmo nos pacientes que param de fumar. Assim, fica mais uma vez claro a necessidade da prevenção do Tabagismo, antes que sintomas de doenças como esta apareçam!
No caso de pacientes que continuem fumando, em até 43{2bcd453d7311fcd5d3fd79b4f06f2b23457405190b55b88de47449b7ddf1e563} dos casos a doença evolui com a necessidade de amputação do membro afetado.
No tratamento, antibióticos podem ajudar a prevenir infecções nos locais acometidos. Podem ser usados medicamentos como o Iloprost e vasodilatadores. Porém, o uso de anticoagulantes e glicocorticóides não ajudam a tratar a doença.
Em alguns casos, processos como o Bypass Arterial podem ajudar a tratar os sintomas, assim como o debridamento cirúrgico de locais com isquemia (ou seja, a retirada de tecido, principalmente pele, de locais que estão começando a formar gangrena). A Simpatectomia (retirada de nervos simpáticos, que contraem os vasos sanguíneos) também pode ajudar no tratamento de alguns casos mais seletos.
Cláudia Aparecida de Castro disse:
Boa noite!
Eu gostaria de ter a indicação de um excelente médico na grande São Paulo para tratar Tromboangeite Obliterante. Meu cunhado está internado e o tratamento não está dando certo. Queremos buscar opiniões de outros médicos.
Aguardo resposta
Obrigada
Cláudia Castro
Sueli disse:
O terceiro e quarto dedo do meu pé ficam manchados meio escuros , agora noto que quando estou mais nervosa fica todos os dedos.
Fui fumante durante 41 anos.
Sinto também que meu pé fica queimando embaixo dele.
O médico disse que é trombogeíte, mas pelo que eu li a trombogeíte faz a gente sentir dor ao caminhar , eu não sinto dor.
Aguardo ansiosa sua resposta…
Tenho 57 anos
Sou Clara.
Alan Niemies disse:
Olá Sueli. A ausência da dor ao caminhar não necessariamente exclui a presença da Tromboangeíte. É apenas um sintoma que você não apresenta, mas tem outros (como as manchas nos dedos) e o fato de você ter sido tabagista de longa data. Espero ter ajudado e obrigado pelo comentário!
rejane lorenço disse:
marido tem adoença a 13 anos já anputou metade do pé dr sofre muito com dores isso k já parou de fumar a 8 anos
Vítor Vinícius Oliveira Rezende disse:
Parabéns pela iniciativa e pela qualidade do site que se mostra excelente em design e conteúdo.
Abraços,
Vítor Rezende, acadêmico MED-UFU
sisney disse:
Muito bom
Psicoanarco disse:
Gostei muito do artigo, parabéns.
Objetivo e esclarecedor.
Graziela disse:
Tudo correto,tive está doença, graças a Deus e ao meu médico estou curada.perdi os dedinhos.uma dor de arrebentar,parecia água fervendo.
mell disse:
como vc se curou?tenho a doença
Divanir disse:
Estou fazendo tratamento. Primeiro: parar de fumar isso é difícil, mas não impossível. Segundo: três medicamentos. Terceiro: caminhar qto puder ate 5 km por dia. Estou em tratamento a 6 meses e 90{2bcd453d7311fcd5d3fd79b4f06f2b23457405190b55b88de47449b7ddf1e563} de melhoras. ??
Elisabete Miano disse:
Sinto dores da cintura para baixo já á seis meses, varias vezes fui internada , fiz varias ressonâncias, acumputura, fisioterapia achando ser a coluna e nada adiantou, os médicos não descobrem o que tenho, meus sintomas são dores extremamentes fortes da cintura para baixo, tipo uma ardência , como se tivesse queimando meu corpo, as dores me impede de andar, de ficar em pé por muito tempo, sou fumante já há 35 anos , estou atualmente tomando o Bup para parar de fumar e comecei a sentir melhoras mesmo não conseguindo deixar de fumar, quero me curar, gostaria de saber se meus sintomas é a doença tromboangeite obliterante, qual especilalidade medica devo procurar para ter a certeza se é ou não, estou muitíssimo preocupa, pois tomando o Bup, sinto que melhorei mas ainda sinto ardência em locais como no rosto, ante braço, coxa , dores que vem e vão embora tipo uma ardência, uma queimação por favor me respondam este email omais rápido possível!
obrigado, sem mais , Eisabete miano
Alan Niemies disse:
Olá Elisabete. Obrigado pelo seu comentário!
A Tromboangeíte é uma doença de pequenos vasos. Sendo assim, as dores acontecem principalmente em extremidades (pontas dos dedos de pés e mãos). Como você sente dor em toda a região de membros inferiores, provavelmente a causa é outra, Elisabete. Esses sintomas que você sente podem existir em diversas doenças e, por isso, pode haver dificuldade em se fechar um diagnóstico, especialmente se não for feito uma busca bastante completa sobre como está sua saúde, pesquisando as diversas possíveis causas do que você está sentindo.
É importante que você procure um bom clínico geral que poderá avaliar e descartar algumas hipóteses, e te encaminhar para a especialidade que achar mais útil, como um reumatologista, um angiologista ou um cardiologista.
Espero ter lhe ajudado Elisabete, e boa sorte na busca do seu diagnóstico!
Simone disse:
Meu nome é Simone e eu tenho tromboangeite desde os 20 anos, estou com 39 hoje, sofri muito com isso, MUITO MESMO, passei por inúmeras internações, inúmeras artériografias, coloquei um stent na perna esquerda, tenho muito orgulho de dizer que estou a 3 meses sem fumar e que os sintomas dessa doença maldita diminuíram 90{2bcd453d7311fcd5d3fd79b4f06f2b23457405190b55b88de47449b7ddf1e563} ou mais pois hoje eu consigo andar sem dor por uns 30 minutos isso é bastante acreditem, por outro lado tenho vergonha e raiva por saber que passei por tantas coisas horríveis por conta da idiotice de continuar fumando, sei que cada pessoa e cada organismo é de um jeito mas vou deixar meu recado aos fumantes portadores dessa doença “PAREM DE FUMAR AGORA!” ou continuem mas não arrumem desculpas como eu arrumava pra fumar sem culpa, EU FIZ A MELHOR ESCOLHA DA MINHA VIDA! LUTO TODOS OS DIAS CONTRA A VONTADE DE FUMAR, mas estou tão feliz sem dor, sem tantos sintomas horríveis que NEM PERTO DE QUEM FUMA EU FICO. Se eu puder ajudar deixo meu telefone 9 72951836
Alan Niemies disse:
Olá, Simone.
Fico muito, MUITO grato mesmo com o seu comentário e sua história de vida. Isso certamente ajuda outros leitores a entenderem os perigos relacionados ao tabagismo, como a Tromboangeíte que é uma doença realmente destruidora. Fico também bastante feliz por saber que você conseguiu deixar de fumar e que isso tem melhorado os seus sintomas e a sua qualidade de vida. Continue firme, e que o MedSimples esteja de “portas” abertas caso você precise de informações sobre Saúde.
Obrigado e continue firme!
Divanir disse:
Parabéns ???? eu também parei de fumar e os sintomas quase desapareceram. Estou gesta e feliz com meus pés e pernas. ?
Alan Niemies disse:
Parabéns, Divanir!
Carlos disse:
Fui diagnosticado com tromboalgeite obliterante em 2012 desde entao faco uso do cilostazol em quanto tempo devo me recuperar
Dr. Alan Niemies disse:
Olá, Carlos. A recuperação nestes casos varia de pessoa para pessoa, mas é importante continuar o seu tratamento enquanto este for indicado pelo médico que está lhe acompanhando.