Intolerância à Glicose: o que é, como é detectada e tratamento

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O seu médico ou médica pode solicitar uma série de exames para avaliar a presença ou não de Diabetes ou pré-Diabetes. São eles: a Glicemia de Jejum, a Hemoglobina Glicada e o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG). Ao realizar esse último exame, conhecido por TOTG ou Curva Glicêmica, você pode ser diagnosticado com um estágio de pré-Diabetes conhecido como Intolerância à Glicose. Nesse artigo, conheça o que é essa alteração, como ela é detectada, quais as implicações para a sua saúde e o que você deve fazer caso esteja nessa situação. Vamos lá? Vem comigo!

Navegue pelos tópicos deste artigo:

  1. O que é a Intolerância à Glicose?
  2. Quais são os sintomas?
  3. Quais os riscos à saúde?
  4. Intolerância à Glicose tem cura?
  5. Intolerância à Glicose na gravidez
  6. Como é realizado o tratamento?
    1. Atividades físicas
    2. Dieta para Intolerância à Glicose
  7. Referências

Intolerância à Glicose

O que é a Intolerância à Glicose?

Também conhecida por Tolerância à Glicose Diminuída ou Resistência à Glicose, ela é um dos dois tipos de pré-Diabetes que uma pessoa pode apresentar. O outro tipo é conhecido por Glicemia de Jejum Alterada.

O primeiro exame que costuma ser realizado para pesquisar a presença de Diabetes ou não em um indivíduo é a Glicemia de Jejum. Através deste exame, já é possível realizar o diagnóstico de Diabetes ou pré-Diabetes, seguindo os critérios abaixo:

  • Exame normal: abaixo de 100 mg/dL;
  • Pré-Diabetes (Glicemia de Jejum Alterada): entre 100 a 125 mg/dL;
  • Diabetes: valores iguais ou superiores a 126 mg/dL

No caso de um exame que apresente Glicemia de Jejum Alterada, é possível lançar mão do TOTG ou Teste Oral de Tolerância à Glicose. Como já abordamos em outro artigo, o TOTG é um exame que vai avaliar, durante 2 horas, a resposta do seu organismo a uma carga de 75 gramas de glicose. Ele vai servir para melhor classificar uma pessoa como Diabetes ou pré-Diabetes.

A Intolerância à Glicose está presente em indivíduos cujos resultado do TOTG às 2 horas do exame está entre 140 a 199 mg/dL

Os valores de referência completos do TOTG são os seguintes:

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Quais são os sintomas?

Como essa Intolerância é um estágio configurado como pré-Diabetes, ela por si só não traz sintomas. Porém, ela pode progredir para Diabetes e, nesses casos, os sintomas incluem, principalmente:

  • Aumento da frequência e volume de urina (poliúria);
  • Aumento da sede (polidipsia);
  • Aumento da fome (polifagia);
  • Perda de peso inexplicada;
  • Fraqueza e fadiga;
  • Infecções de repetição (de garganta, urinária ou outras);
  • Demora para cicatrização de feridas ou machucados;
  • Visão borrada;
  • Manchas escuras no pescoço.

Sintomas da Diabetes

Quais os riscos à saúde?

Os portadores de pré-Diabetes apresentam um risco aumentado de desenvolver Diabetes dentro de meses a anos. Comparado com o outro tipo de pré-Diabetes (Glicemia de Jejum Alterada), portadores de Intolerância à Glicose apresentam um risco ainda maior de progredir para Diabetes. Portanto, se você entra nessa classificação, é ainda mais importante realizar alterações dos seus hábitos de vida que diminuam as chances de progredir para o estágio de Diabetes.

Hoje, sabemos que pelo menos 50{2bcd453d7311fcd5d3fd79b4f06f2b23457405190b55b88de47449b7ddf1e563} das pessoas classificadas como Intolerantes à Glicose vão desenvolver Diabetes nos próximos 10 anos. E a Diabetes traz como problemas o aumento da chance de surgirem Doenças Cardiovasculares (como Infarto e AVCs) e complicações como Retinopatia, Nefropatia e Neuropatia Diabéticas (alterações na visão, rins e nervos, respectivamente).

Intolerância à Glicose tem cura?

A Pré-Diabetes (incluindo a Tolerância à Glicose diminuída) é um estágio em que ainda é possível ser curado: é possível haver a regressão completa para um estado de euglicemia ou normoglicemia, ou seja, um metabolismo do açúcar no sangue (glicemia) idêntico ao de uma pessoa normal.

Quando se chega ao estágio de Diabetes, essa remissão completa (“cura”) não pode ser atingida. Nesses casos, mais avançados, já há um desarranjo maior da arquitetura do nosso metabolismo dos açúcares e, por isso, a doença só pode ser controlada e não curada.

Intolerância à Glicose na gravidez

Durante o início da gestação normal, o metabolismo e a tolerância à Glicose melhoram parcialmente. Isso acontece porque os hormônios envolvidos na gestação (especialmente Estrogênios e Progesterona) permitem que as células Beta do pâncreas (as que produzem Insulina, que reduz os níveis de glicose no sangue) se proliferem (aumentem de número) e passem a produzir mais Insulina.

Porém, esse quadro muda no segundo e terceiro trimestres da gravidez. O crescimento do feto e os fatores envolvidos nisso levam ao surgimento da Resistência à Insulina na gestante. Isso vai fazer com que a mamãe passe a utilizar outras fontes de energia que não a Glicose (como os Ácidos Graxos Livres – gorduras). Isso tudo acontece por um motivo bem interessante, que é de prover o bebê com o máximo de energia em forma de Glicose para seu crescimento. Assim, ele poderá utilizar essa Glicose para sintetizar suas Proteínas, Lipídeos, Glicogênio (estoque de Glicose) e organizar seu metabolismo em crescimento.

Por conta dessas alterações a partir do segundo trimestre, a Resistência à Insulina aumenta para aproximadamente três vezes mais do que o de uma mulher não-gestante!

Um estudo muito importante realizado em 2010 com mais de 21 mil mulheres (o estudo HAPO) descobriu que, quanto maiores os níveis de Glicemia (açúcar no sangue) de gestantes durante 24 a 28 semanas de gestação, maiores os riscos de efeitos adversos como a Pré-Eclâmpsia e a necessidade de realizar Cesareanas.

Assim, para todas as gestantes, a recomendação para avaliar a presença de Diabetes Gestacional é a de fazer uma Glicemia de Jejum no início da gestação e realizar o TOTG entre 24 e 28 semanas de gestação (período em que se inicia o terceiro trimestre de gestação). É também importante tomar todos os cuidados necessários para evitar as complicações se a mãe descobrir ser Intolerante ou portadora de Diabetes Gestacional.

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Como é realizado o tratamento?

A primeira linha de tratamento da pré-Diabetes (tanto a Glicemia de Jejum Alterada como a Intolerância à Glicose) inclui três coisas:

  • Perda de peso;
  • Dieta adequada;
  • Atividades físicas regulares.

A pré-Diabetes é uma alteração que leva à Diabetes, uma doença crônica, incurável, de caráter inflamatório. A perda de peso sustentada, que só pode ser adquirida através de um plano de reeducação alimentar associado a exercícios físicos, pode levar à regressão da pré-Diabetes. Não tem como fugir disso, se você quiser recuperar a sua saúde e evitar a progressão para a temida Diabetes.

Segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA) O mínimo de perda de peso que leva a um controle no caso de Tolerância Diminuída à Glicose é de 7{2bcd453d7311fcd5d3fd79b4f06f2b23457405190b55b88de47449b7ddf1e563}.

Atividades físicas

Em relação à atividade física, é importante atingir um mínimo de 150 minutos de atividades físicas moderadas (como caminhadas) por semana. Assim, você pode por exemplo iniciar 30 minutos de caminhada durante 5 dias na semana, ou 1 hora e meia de caminhadas no sábado e no domingo se durante os dias da semana for muito corrido. Isso é o mínimo para que não sejamos considerados sedentários, e também o mínimo para que haja um impacto positivo na sua saúde.

Dieta para intolerância à glicose

Confira abaixo alguns dos alimentos que ajudam na Intolerância à Glicose:

  • Aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras, como vegetais, frutas, grãos, legumes e laticínios.
  • Dietas ricas em ácidos graxos mono e poli-insaturados (gorduras “boas”). Exemplos incluem o abacate (sem açúcar!) e o óleo de oliva.
  • Alimentação rica em ômega-3 como peixes, sementes e castanhas.
  • Evitar adoçantes artificiais, que induzem a Intolerância por alterar a Microbiota Intestinal.

Se você não conseguir controlar dentro de 3 meses a sua pré-Diabetes com essas Modificações do Estilo de Vida, seu médico ou médica pode lançar mão de medicamentos como a Metformina, capaz de auxiliar no controle do metabolismo de glicose no seu corpo e ajudar na redução de peso, porém com impacto menos importante do que uma boa alimentação e atividades físicas regulares (benefícios que nenhum medicamento vai substituir).

Agora, mão na massa!

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Referências

  1. Modan, Michaela, et al. “Hyperinsulinemia. A link between hypertension obesity and glucose intolerance.” The Journal of clinical investigation 75.3 (1985): 809-817.
  2. Kanasaki, Keizo. “Glucose Intolerance and Insulin Resistance: Relevance in Preeclampsia.” Preeclampsia. Springer, Singapore, 2018. 85-98.
  3. McIntyre, H. David. “Hyperglycemia and adverse pregnancy outcome (HAPO) study: preeclampsia.” American journal of obstetrics and gynecology. Vol. 202. No. 3. Mosby, 2010.
  4. International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups Consensus Panel. “International association of diabetes and pregnancy study groups recommendations on the diagnosis and classification of hyperglycemia in pregnancy.” Diabetes care 33.3 (2010): 676-682.
  5. Suez, Jotham, et al. “Artificial sweeteners induce glucose intolerance by altering the gut microbiota.” Nature 514.7521 (2014): 181.

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