A ampliação do saneamento básico e das campanhas de vacinação determinaram uma diminuição da incidência de diversas doenças infectocontagiosas, com potencial de morte precoce. A sistematização do acompanhamento pré-natal e da puericultura levaram a diminuição da mortalidade materna, fetal e infantil. No outro extremo de idade, as diversas técnicas da medicina possibilitaram o tratamento de doenças, muitas vezes de forma não curativa, porém com aumento da longevidade.
Essas alterações na dinâmica da saúde coletiva determinaram redução da mortalidade e aumento da longevidade. Associado a isso, há uma tendência de redução da fecundidade, isto é, do número de filhos por casal. A somatória dos vetores leva a resultante que a população idosa será uma porcentagem cada vez mais prevalente em todos os contextos. Seu aumento tem diversas repercussões, como a necessidade de aumento do tempo de serviço para aposentadoria.
Essa parcela, ainda, consiste na mais heterogênea de todas. Ao analisar a população pediátrica a maiora das crianças tem praticamente a mesma funcionalidade: correm, estudam e brincam. A vida, entretanto, imprime em cada pessoa diversas alterações que o só o tempo mostra. Por isso duas pessoas com oitenta anos podem ser tão diferentes, ao ponto de uma correr maratona e outra estar acamada.
O mais interessante disso é que as duas podem ter, inclusive, as mesmas doenças. Como exemplo, as duas podem ser portadoras de hipertensão arterial e diabetes mellitus, duas desordens muito comuns. Uma utiliza a medicação necessária com zelo, pratica atividade física e mantém seu organismo em homeostase, nenhuma complicação é observada. A outra sem uso da medicação mantém seu organismo em estresse funcional, e com o tempo, desenvolve alguma complicação, como um acidente vascular encefálico, que a deixa incapaz de movimentar seu corpo por morte dos neurônios responsáveis por essa função.
Observada a particularidade do idoso de apresentar um maior número de morbidades, a maioria delas degenerativas e sem tratamento curativo, a definição de saúde para essa população deve ser diferente. O ancião deve ser avaliado não pela presença ou ausência de doenças, e sim por sua funcionalidade, ou melhor, autonomia e independência.