A creatinina e a uréia são biomarcadores utilizados pela nefrologia e clínica médica para avaliar a função renal, principalmente no diagóstico de Doença Renal Crônica e Injúria Renal Aguda. São exames baratos, importantes e geralmente pedidos como rotina pelos médicos principalmente por dois motivos: o grande número de pessoas que apresentam algum estágio da doença renal crônica e por esta ser silenciosa, apresentando sinais e sintomas apenas quando em estágio mais avançado. De acordo com o “National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES IV)’’ em estudo realizado entre 1999 e 2004, 18{2bcd453d7311fcd5d3fd79b4f06f2b23457405190b55b88de47449b7ddf1e563} da população estadunidense se encontra em algum estágio de doença renal crônica, aproximadamente 28 milhões de pessoas! Considerando que as causas e fatores de risco dessa população são semelhantes as brasileiras, por projeção direta é possível estimar que 20 milhões de brasileiros encontram-se em algum nível da doença.
A uréia em um composto orgânico produzido no fígado de todos os mamíferos como forma de eliminar a amônia, um composto muito tóxico que caso não seja eliminado pode causar letargia e retardo mental em humanos. É também a principal responsável pela remoção do nitrogênio do corpo.
Apesar da larga utilização na prática médica, não é um bom marcador da função renal, pois pode estar alterada por diversos motivos, listados no tópico: ‘’ Meu exame mostrou alterações na Uréia, o que pode ser?’’
A creatinina é um composto proveniente principalmente dos músculos e portanto é diretamente proporcional a massa muscular do indivíduo. Fica fácil concluir que a quantidade dessa substância será maior em homens do que em mulheres e menor em idosos do que jovens. Por esta razão a faixa de normalidade da substância no corpo é ampla e deve ser avaliada individualmente, de acordo com as características do paciente.
É fundamental para a avaliação dos rins pois praticamente não é reabsorvida e portanto, o que é eliminado desta substância pode ser comparado a filtração renal como um todo. Além disso é produzida de forma constante pelo corpo e é facilmente medida pelos laboratórios, barateando o custo do exame.
A Creatinina urinária abaixo dos níveis de normalidade pode ser um indicador de Doença Renal Crônica mas não se desespere! A taxa de creatinina, apesar de ser um bom marcador da função dos rins tem suas limitações. Como já comentei, a quantidade de creatinina depende da idade, sexo, massa muscular e do estado nutricional do paciente (maior ou menor consumo de carne por exemplo). No caso de um valor maior de creatinina urinária em relação ao padrão, o próprio exame de urina 24h, método pelo qual você deve ter realizado a medição, pode superestimar, ou seja, mostrar um valor acima do verdadeiro pois a creatinina também é secretada pelos túbulos renais. Além disso, o uso de alguns medicamentos como a trimetoprima (antibiótico) e a cimetidina (usada para problemas de estômago como gastrite e úlceras) podem também mostrar um valor acima do normal.
Parte do médico a consideração de todos esses aspectos na hora de diagnosticar o paciente com Doença Renal Crônica e iniciar o tratamento.
A uréia, como já comentado, não é um bom marcador da função dos rins pois além de não ser produzida constantemente pelo corpo (como ocorre com a creatinina), pode variar em diversas situações:
É particularmente útil quando utilizada juntamente com a creatinina para pacientes com queda abrupta da taxa de filtração dos rins.
Felipe disse:
Não se esqueça de botar as referências bibliográficas ao fim dos trabalhos. Parabéns pela iniciativa !